Dia 21 de março - De Clementina-SP a Brasília-DF

 

Dia 21 de março de 2023 – De Clementina-SP a Brasília-DF – 853km

Total da viagem: 8.287 km

Logo cedo já estava olhando pela janela, despertei antes do dia amanhecer e ficar claro, sem chance de sair ainda no escuro, qualquer que fosse o horário!

Enfim as 6;30hs o céu ficou claro e pude descer para tomar café e arrumar as coisas da moto!

A experiência me diz que este é um dia que precisamos tomar cuidado: o último dia de viagem! A saudades da família, o pensamento nas coisas a resolver, a ansiedade e de repente a vontade de chegar mais cedo, eu já não me deixo levar por estas situações, muito pelo contrário, quero curtir o último dia de viagem; afinal quando será a próxima?

Saí do Hotel as 7hs a manhã, logo peguei a SP 425 com destino a Rio Preto e depois a 153, uma vergonha esta rodovia, vários pedágios e BR esburacada, com asfalto todo remendado, as concessionárias pelo visto só colocando nosso dinheiro no bolso, e uma situação que não nos deixa confortável, dividir a pista com centenas de caminhões, o risco de um pneu dechapado, ou coisas deste nível nos faz redobrar a atenção; e a tensão aumenta bastante, por sorte Prata está bem ali e podemos seguir para Uberlândia! Fico mais tranquilo, dezenas de vezes peguei este caminho, Uberlândia, Araguari, Catalão, Cristalina, Luziânia, Valparaíso e casa!

Na chegada a Luziânia peguei muita chuva, e com muito cuidado fui até em casa, corpo ensopado e alma lavada, foram 8.500km em 12 dias, nada mal para um velhinho de 58 anos, nada a reclamar, me sinto bem em pilotar grandes distâncias, um sonho acabou de ser realizado, vive melhor quem tem projetos e sonhos, e aqui já estou pensando nos próximos!

Obrigado Senhor!

Dia 20 de março: De foz do Iguaçu - PR a Clementina - SP

 

Dia 20 de março – de Foz do Iguaçu a Clementina – SP – 724km

Total da viagem: 7.434km

Logo cedo consegui falar com o Wellington consultor da Triumph em Brasília, eu tinha uma preocupação de fazer a revisão em Londrina para não “estourar” a quilometragem da revisão, mas vou conseguir fazer em Brasília dentro da margem de segurança!

Dei uma ida rápida no Paraguai, comprei um tênis e umas camisetas e logo retornei para o Hotel, estive hospedado na Rafain Centro, ao preço de 240,00 a diária, foi só colocar as coisas na moto, lubrificar a corrente e partir!

Clementina, Clementina, Clementina de Jesus ........ segue a música!

Google maps carregado até Clementina, uma cidade a 152km de Presidente Prudente, sentido Brasília, já fiz tantas vezes este percurso e achei estranho quando o aplicativo me “mandou” virar a direita em Marília sentido Nantes SP, mas dei um zoon na tela e aceitei a orientação, foi muito interessante porque sai da rodovia cheia de caminhões e passei a rodar por estradas secundárias, no meio de fazendas e até apareceu uma usina hidrelétrica com um lindo lago, tudo em ótimas pistas, como todo interior de São Paulo tem, foi bem interessante, acabei por chegar em Clementina as 19hs, antes de escurecer!

Pela terceira vez fico no hotel Kalimera, que fica a uns 1000m, da rodovia, dentro desta pequena cidade, Hotel extremamente limpo, ótimo atendimento, com garagem e ótimo preço e ainda te preparam o jantar no próprio hotel, tudo que precisamos!

Dia 19 de março - De Resistência-AR a Foz do Iguaçu-BR

 Dia 19 de março: De Resistência-AR a Foz do Iguaçu – 645km

Total da Viagem: 6.710km

Ao acordar hoje senti os músculos das pernas e dos ombros doerem pelo jornada que tem sido bastante pesada para o velhinho aqui , eram umas 7hs da manhã, no banheiro do Hotel Gala onde passei a noite tem uma banheira destas que ficam debaixo do chuveiro, então enchi a banheira de água quente e fiquei de molho uma meia hora, e foi um santo remédio kkkkkk fiquei zerado!

Depois deste tratamento desci para o café da manhã perto das 9hs e a turma do Cado já havia partido, tomei o café da manhã arrumei as malas na moto e parti pegando a ruta 12, acredito que já tenha percorrido este mesmo caminho umas 10 vezes ou perto disto!

O Chaco continua, que calor, iniciei com 120km por hora mas depois fui subindo a velocidade para diminuir o tempo de sofrimento kkkk, Passei uma cidade Ituzaingó, me lembro bem dela porque fiquei sem gasolina aqui em 2011 na minha primeira viagem ao Atacama, águas passadas, achei muito interessante quando parei o YPF hoje para abastecer e tinha um almoço self service estilo Brasil, inclusive com arroz, e no peso, eu ainda não havia almoçado e não poderia deixar passar aquele arroz soltinho e mais um bife!

Já chegando em Foz, perto das 18hs  peguei uma fila de uns 30 carros saindo da Argentina, acredito que de Puerto Iguazu, coisa de final de semana! Na fila conheci o Zé de Londrina em uma BMW 850 adventure, ele veio só comprar vinhos, argentinos, claro, tinha vinhos nas malas e em uma caixa entre o piloto e o baú central, ele tem uma loja e faz este “passeio” de 15 em 15 dias, gente muito boa, que me ofereceu ajuda caso eu tenha que ir a Londrina para fazer a revisão da moto!

Dia 18 de março: De Catamarca-AR a Resistência-AR

 Dia 18 de março – De Catamarca-AR a Resistência-AR 855km

Total da Viagem: 6.065km

O Objetivo da viagem hoje era ir até Presidência Roque Saenz Peña, 680km, gosto muito de ficar no Hotel Gualok antes de sair de Catamarca olhei no site do hotel e não tinha disponibilidade mas como eu chegaria por volta das 16hs, se não houvesse vaga iria para Corrientes que estaria a 180km de Saenz Peña.

Saindo de Catamarca pega a RN60 e depois de Quimili a ruta 89, mesmo trajeto de vinda que eu havia feito, só que no sentido contrário!

Esta RN60 tem um trecho de serras muito bonito, como se fosse a serra do rastro da serpente, mas depois se transforma em um deserto, e com calor igual!

O Chaco é quente, só tem ideia quem já transitou por aqui, costumo dizer que o que cansa o motociclista em viagem é o calor, e aqui beira os 40 graus fácil!

No ano passado na viagem que fizemos à Bolívia eu e Flávio, neste mesmo trecho antes de chegar a Roque Saenz Peña pegamos uma chuva muito forte, na ocasião nem colocamos as capas de chuva, e desta vez se repetiu só que apenas nos últimos 20km mas foi tudo de bom, aquela refrescada providencial.

Segui para o Hotel e como eu já imaginava não havia vagas, então entrei no site do Booking e peguei um hotel em Resistência o mais caro da viagem, mas valeu muito a pena porque encontrei o Cado Gomes e sua turma de viagem que estavam indo para o Atacama.

Conversamos, sobre o Agua Negra, que eu havia acabado de fazer e que seria o retorno deles após o atacama depois tiramos fotos e bebemos muitas cervejas! Gente muito boa o Cado! Ficamos de nos encontrar em Brasília no Motocapital

 

Dia 17 de março - De Vicuña-CH a Catamarca-AR

 Atravessando o Paso Água Negra

17 de março de 2023 – de Vicuña – Catamarca – AR – 770km

Total da Viagem: 5.210km

As 8hs estava saindo de Vicuña, o tanque ainda estava quase completo pois já havia abastecido em La Serena, no entanto quando se viaja sozinho, sempre é bom estar de tanque cheio, porque não sabemos ao certo a que distância está o próximo posto, e se terá gasolina disponível!

De Vicuña a Las Flores primeira cidade Argentina após o passo são 260km, deste 70km são em rípio, no geral em boa condições, o que impressiona no Paso de Água Negra são as montanhas multi cores, é uma coisa linda que infelizmente as fotos não conseguem passar com exatidão, logo no início do trecho de rípio tem um lago lindo de águas verdes, e já na primeira curva avistei centenas de bodes, cabras e suas famílias, alguns cachorros pastorando e um senhor em um cavalo cuidando de todos! Falando em curvas, neste trecho, a estrada vai rasgando uma montanha de pedras e ziguezagueando pela ribanceira,  as curvas são fechadas e não se vê quem se vem do outro lado, curiosamente e com certeza por isto existem placas, orientando a usar a buzina!

O rípio muda muito de condição, as vezes se percorre estradas patroladas recentemente e por outras vezes o rípio está um pouco mais fofo, cheguei a passar por um pequeno curso de água sobre a estrada!

O Água Negra é lindo demais, mas infelizmente pela época do ano já não existia uma parede de gelo de alguns quilômetros que havia em dezembro de 2019 quando percorri pela primeira vez, na companhia de amigos de estrada o paso, testavam apenas pequenas esculturas que nem de longe lembra a beleza que há em época de inverno, ou mesmo no fim da estação!

Outra coisa que me chamou a atenção na travessia, foram os poucos carros e motos que cruzei na estrada, umas três motos uns dois carros pequenos e um caminhão e só, passei meia hora sem ver uma viva alma, um deserto sem trocadilhos!

Percorri os 260km do passo em aproximadamente 5 horas, passei pela aduana argentina que fica um pouco antes da cidade de Las Flores!

Logo que sai da aduana tem uma placa de posto de combustível, mas sem identificação do sentido a percorrer, então segui para Rodeo, pensando que o posto estaria na beira da estrada, o que só fui descobrir que não era caso quando cheguei em Rodeo e perguntei onde seria o posto e me disseram que apenas dentro de Las Flores tem este posto disponível, resolvi voltar a Las Flores para abastecer a moto, aliás atitude que foi correta porque só consegui posto de combustível 70 quilômetros antes de Rioja, ou seja mais de 300km sem postos!

Optei por passar a noite em Catamarca, uma cidade grande para o padrão da região,  onde só consegui hotel no centro, ao lado de um shopping de estação de ônibus onde fiz minha primeira refeição do dia, bife, papas fritas e cervejas!

 

Dia 16 de março - De Fiambalá-AR a Vicuña-CH

 

Dia 16 de março – Travessia do Paso San Francisco

De Fiambalá – Argentina a Vicuña – Chile – 874km

Total da viagem: 4.440

Hoje é um dia muito especial para mim, tenho vontade de fazer esta travessia da cordilheira dos andes pelo San Francisco a vários anos, em 2019 quando fui ao Atacama com meu filho Guilherme e não fui por julgar que ele não tinha experiência necessária  e ano passado quando estive em viagem com Flávio e fomos a Bolívia e o planejado era atravessar o San Francisco, o que não foi possível porque estava fechado naquela ocasião!

Então o dia é hoje e a hora é agora!

Infelizmente com a regulamentação do Governo do Chile a Aduana que fica a 300km de Fiambalá se fechará as 16hs mas o último veículo só passará até as 14hs, e isto me deixou apreensivo, não poderia correr demais porque são 480km sem postos de gasolina e nem tão devagar que não chegue na aduana depois das 14hs.

As 7;30hs foi servido o café na pousada, moto pronta, primeira marcha engatada e partiu San Francisco a ruta é a RN60.

A aduana Argentina está a 140km de Fiambalá e a do Chile 160km depois da Aduana Argentina!

Logo nos primeiros quilômetros já tive ideia do quanto seria bonito esta travessia, arbustos amarelos, por toda parte, céu extremamente azul e sem uma nuvem, pedras multicoloridas por todos os lados, lindo demais de se ver!

O ponto mais alto do Paso está a 4.726 metros, depois de alguns quilômetros começam a aparecer as casinhas de refúgio no total de 5 todas do lado argentino, que como o próprio nome diz serve de refúgio para algum caso de emergência!

Quanto mais sobe no caminho do cume da cordilheira mais o frio aumenta, até que se chega ao topo e lá apesar de estarmos no verão ainda se vê o gelo acumulado nas montanhas e ao lado da rodovia, parada para foto com certeza!

Perdi muitas fotos que poderia ter tirado com receio do horário, mas quando cheguei na aduana chilena ainda era umas 12;30, mineiro não perde o trem mas perde as fotos não tiradas!

De Fiambalá até a Aduana Chilena está tudo asfaltado, o rípio começa depois, estão bem escassos, talvez uns 30km em pontos isolados o restante é uma estrada de terra batida que mais se parece asfalto, ou seja, qualquer moto atravessa o San Francisco sem maiores dificuldades!

Cheguei em Copiapó, ainda com 3 litros dos 8 que havia levado como reserva, parei em posto Petrobrás e depois de um lanche e ver o horário ainda bem cedo, cerca de umas 14;30hs resolvi seguir para Vicuña que é a primeira cidade para se atravessar a cordilheira de volta do Chile para Argentina pelo Paso de Água Negra, meu segundo objetivo da viagem!

Já estive em Vicuña, em 2018 com meus amigos Flávio, Zael e Marquinho, quando fizemos a travessia da Argentina para o Chile também pelo Água Negra!.

Consegui um ótimo hotel ao lado da praça central da cidade, Hotel Terral , onde passarei a noite para amanhã cedinho atravessar o Água Negra!